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A inovação tecnológica gerada a partir da investigação científica desenvolvida na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche (ESTM) está a fixar empresas e a criar emprego qualificado ligados ao cluster do mar.

Catarina Barraca e Catarina Correia, com licenciaturas em biologia marinha e mestrados em aquacultura e biotecnologia dos recursos marinhos na ESTM, são exemplos de empreendedorismo aos 23 anos.

As ex-alunas são as mentoras de uma ideia de negócio que deu origem à constituição, há dois meses, da empresa onde trabalham e que, a partir do porto de pesca de Peniche, produz e comercializa microalgas e pequenos crustáceos usados como alimento para peixes e outros organismos marinhos produzidos em aquacultura.

“A ideia da ‘Pen Wave’ surgiu em 2014 no âmbito de uma investigação em que percebemos que havia uma lacuna na gama de presas vivas para a produção em aquacultura de espécies mais exigentes a nível nutricional e o alimento que existia no mercado não era o adequado”, explica Catarina Barraca à agência Lusa.

Os produtos da ‘Pen Wave’ permitem aos aquicultores alcançarem maiores taxas de sobrevivência e de crescimento das espécies que produzem e, ao fim de dois meses, têm procura crescente no mercado e a empresa conta já com uma carteira de 20 a 30 clientes.

Aos 26 anos, André Horta, com licenciatura em biologia marinha e biotecnologia e mestrado em biotecnologia dos recursos marinhos na ESTM, é sócio de uma empresa de consultoria de segurança e inovação alimentares.

“A ‘I&D Food’ nasceu em janeiro de 2016 para responder a uma certa procura que tínhamos vindo a notar no âmbito dos projetos de investigação, porque íamos desenvolvendo novos produtos alimentares e as empresas pediam-nos sempre ajuda”, refere.

Ao fim de um ano de laboração a empresa criou quatro postos de trabalho diretos e adquiriu parte do capital social de um laboratório na Marinha Grande, onde trabalham mais 12 pessoas a efetuar análises de segurança alimentar.

Ao todo, faz consultoria para uma centena de clientes e analises laboratoriais para 500.

Uma terceira ‘startup’ nascida em Peniche dedica-se ao cultivo em aquacultura e venda de organismos marinhos para fins ornamentais.

“Não só estamos a transferir conhecimento e tecnologia para as empresas e a apoiar o surgimento de empresas pelas oportunidades de negócio e emprego que o conhecimento científico gera, mas também a atrair para Peniche outras empresas face à dinâmica criada ao nível da exploração sustentável dos recursos marinhos baseada no conhecimento e na inovação”, afirma à Lusa Sérgio Leandro, subdiretor da ESTM, pertencente ao Instituto Politécnico de Leiria.

As três ‘startups’ já criadas empregam 15 trabalhadores qualificados, a maior parte dos quais formados na ESTM.

A partir de Peniche, já foi também criado em 2016 o consórcio ‘Aquatropolis’, composto pela Compta, ALGAplus, Domatica, Instituto Politécnico de Leiria, através das Escolas Superiores de Turismo e Tecnologia do Mar e de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Tomar e Tagus Valley.

A caminho estão duas empresas de aquacultura e uma terceira para prestar serviços de apoio a esse setor.

As empresas têm vindo a ocupar instalações devolutas junto ao edifício de investigação da ESTM no porto de pesca de Peniche, onde as atividades piscatórias começam a conviver com empresas de inovação tecnológica ligadas ao cluster do mar.

Para oferecer condições de incubação a mais empresas, Politécnico, município, Docapesca e BIOCANT (Centro de Inovação em Biotecnologia associado aos centros de investigação da Universidade de Coimbra e da Universidade de Aveiro), querem investir cinco milhões de euros num novo parque tecnológico dentro da área portuária.

 

IN: DN, 25.04.2017

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