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Linguagem e perceção visual como meio de comunicação em crianças com perturbações do espectro de autismo

Esta dissertação parte de uma perspetiva socio-histórica da linguagem e comunicação, tendo como foco primordial a investigação da forma como diferentes sistemas de comunicação alternativa podem melhorar o quotidiano de crianças com perturbações do espectro de autismo (PEA). O autismo constitui uma perturbação do foro psicológico que se expressa num desenvolvimento de diferentes graus de afetação do indivíduo em relação às interações familiares e sociais, revelando características comportamentais muito específicas, e défices na comunicação e linguagem. Devido à dificuldade de diagnóstico desta patologia os tratamentos implementados nem sempre são os mais adequados ao grau de desenvolvimento da doença, contudo é muito importante o processo educacional de ensino alternativo, de modo a estimular a interação social e o desenvolvimento da autoestima e da comunicação, através dum acompanhamento didático-pedagógico constante e adaptado, nomeadamente nas idades escolares. Objetivos: o objetivo primordial deste estudo visa a criação de um objeto pedagógico adaptado a indivíduos com incapacidade cognitiva e posterior avaliação do seu contributo para o desenvolvimento de crianças com perturbações do espectro de autismo. Material e Métodos: para a concretização desta dissertação propus-me à criação de um livro infantil designado “A Viagem do Miguelito” caracterizado por uma linguagem específica, com o objetivo de melhorar e adaptar ao máximo as suas características às capacidades de perceção de crianças com perturbações do foro cognitivo de modo a facilitar a comunicação entre si. O livro/jogo “A Viagem do Miguelito” foi apresentado a uma amostra de cinco crianças com autismo da Escola Básica Integrada Santo Onofre, Caldas da Rainha, com idades compreendidas entre os seis e dez anos, aos quais foi solicitada uma análise conjunta e final a cerca da história narrada no livro. A partir desta interação com o projeto desenvolvido iniciei o estudo observacional analítico, através da recolha de dados qualitativos e sua posterior análise e interpretação por inferência da amostra de investigação. Resultados: os resultados obtidos constataram que o livro/jogo aqui projetado constitui uma ferramenta viável para recurso de professores, terapeutas e familiares de crianças com perturbações do espectro de autismo. Conclusões: este estudo revelou que as ilustrações são um ponto fundamental de ajuda para indivíduos com dificuldades cognitivas, uma vez que a produção textual nestes casos se torna um meio de difícil compreensão. Estas ilustrações devem ser simples o que as torna percetíveis mais facilmente e a inserção de materiais com textura são uma mais valia, criando maior interesse e interação das crianças com PEA.