Experiência Turística, Imagem e Sustentabilidade dos territórios

araujo



 

A atividade turística global enfrenta um desafio assente na implementação de processos que proporcionem uma desejada sustentabilidade dos territórios e emancipação das comunidades locais. Esta visão de harmonia entre turistas e comunidades está consagrada nas metas definidas pela Organização Mundial de Turismo. Consciente deste paradigma global, a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Politécnico de Leiria tem vindo a desenvolver projetos e investigação científica, consubstanciando parcerias e transferência de conhecimento que correspondam a este desiderato. Neste contexto, será oportuno sublinhar que a Experiência Turística assume uma espécie de primado nesta atividade, porquanto reúne
em torno de si própria um potencial de convergência de vantagens mútuas, harmonizando, sob determinadas circunstâncias, tanto as necessidades dos turistas, como o desenvolvimento dos territórios e das respetivas comunidades. Nesta perspetiva, importa promover o conhecimento de identidades locais e de sistemas de valores, assumindo-os estrategicamente enquanto atributos experienciais. Estes processos deverão ser encarados casuisticamente no pressuposto das dinâmicas e dos recursos locais envolvidos. É também neste sentido que a assunção turística das especificidades culturais é essencial: em termos práticos, o Destino materializa e “vende” a sua Identidade enquanto Experiência.
Um Destino Turístico será tanto mais diferenciado quanto maior for a sua capacidade de se organizar em torno de uma Experiência Integrada e Global, proporcionada pelos seus recursos e pelas suas gentes. Inevitavelmente, em termos de sustentabilidade, estão envolvidas nesta perspetiva as indispensáveis componentes cultural, social, económica e ambiental/ ecológica/espacial.
Este processo, estrutural, presume um inevitável diagnóstico de recursos, a adoção de mecanismos de envolvimento local, uma gestão partilhada e uma assunção identitária, visando uma imagem corporativa e coesa, que consubstancie um Cartaz Turístico coerente e consequente com metas de sustentabilidade previamente definidas. Muito para além de uma aceção do Turismo de Experiências, desgarradas, soltas e aleatórias, e, por consequência, ineficazes e difusas na perspetiva da Imagem, importa promover uma Experiência Turística Global, estratégica e holísticamente definida, perseguindo um
Imaginário Turístico Coletivo e alcançando desejavelmente uma promoção mais eficaz. Mais do que nunca, um Cartaz Turístico corresponderá a uma Experiência Global do Destino. Experiência e Cartaz Turísticos são inseparáveis.

 

IN: Diário de Leiria, 14 de fevereiro 2019

 | António Sérgio Araújo :: Professor do Politécnico de Leiria, Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar Doutorado em Ciências do Turismo Membro integrado no CiTUR – Centre for Tourism Research, Development and Innovation (autor escreve com o actual acordo ortográfico)