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Uma fotografia captada durante o Festival Impulso valeu ao fotógrafo Nuno Conceição, o prémio nacional para Melhor Foto de Festival, atribuído nos Iberian Festival Awards. O festival Impulso acontece em Caldas da Rainha e é organizado em parceria com o Município e com a Escola Superior de Artes e Design (ESAD.CR).

Nuno Conceição em diálogo com a ESAD.CR. Parabéns!


O que representa a conquista deste prémio? 
A conquista deste prémio representa reconhecimento do meu trabalho nesta área ao longo destes anos todos e isso tem algum valor. Penso que não irá abrir muitas portas, mas cá estarei com esperança de não ter razão!
Recorda-se bem do preciso momento em que captou esta fotografia? No momento do disparo a baterista dos Sunflowers “atacou” a bateria de forma bem física e visceral, as luzes começaram a flashar, a ligar e desligar rapidamente, no auge da canção. O som subiu de volume, a intensidade da música alterou-se… Fotografei praticamente todo este momento e a fotografia que escolhi para o concurso foi já no final, com ela a atirar a cabeça para trás.
Em que data e em que espetáculo a fotografia foi captada? A fotografia foi feita a 21/10/2021, num espectáculo do Festival Impulso que recebeu no CCC o Luís Severo, The Sunflowers e Unsafe Space Garden. Lembro-me de estar exausto nesse dia porque tinha estado a trabalhar no FOLIO em Óbidos, o corpo todo dorido e moído, mas quando fiz essa fotografia percebi logo que o sacrifício tinha valido a pena. Há qualquer coisa de adrenalina que se liga no cérebro nestas situações e ajuda a fazer o corpo mexer-se quando pensamos que já não dá para mais.
O facto de ter sido uma fotografia tirada num festival da sua terra natal tem um sabor e um significado ainda mais especial? Claro que tem um sabor mais especial. Eu trabalhei muito por Lisboa antes da pandemia e a sensação com que fiquei é de que Lisboa recebe os eventos todos, e nós nas outras cidades ficamos com muito pouco. E há razões para isso, económicas e práticas. A falta de visão também tem sido uma grande inimiga, mas felizmente isso nos últimos anos tem vindo a mudar, e muito, o que é fantástico. A cultura não devia ficar por Lisboa e Porto. Ela é de todos nós, a todos pertence, e deve ser estimulada e alimentada por nós se queremos que ela continue a vir às nossas terras.
Considera que o facto de ter sido premiada uma fotografia tirada num festival dinamizado fora das grandes cidades representa, de certa forma, a importância destes festivais promovidos em cidades de menor dimensão (quando comparadas com Lisboa e Porto)? Esta resposta tem ligação à anterior. É um prémio. Vale o que vale. Mas é parte do contributo que dou a esta “causa”. É claro que quero que continuem a vir espectáculos de qualidade às Caldas e a outros circuitos fora de Lisboa e do Porto. Poder mostrar, em fotografias a qualidade destes espectáculos com um bom chamariz como são as fotografias, é o que me dá mais gosto fazer.