Entre Linhas
Luciana Fina
AULAS ABERTAS DE PRÁTICAS ARTÍSTICAS CONTEMPORÂNEAS_2023_24
29 NOVEMBRO DE 2023, 17:30H
AUDITÓRIO DO EP.1 – ESAD.CR
Cruzando tempos e diversos campos do pensamento, configuro hoje novos caminhos de investigação, na alegria de uma reinvenção. Escrevo pela primeira vez um filme concebido a partir do arquivo, daquele imenso corpo de imagens que tem continuado a crescer, imparável e a cada instante, enquanto procuramos temerariamente uma forma possível de lidar com a nossa memória. Somos formados por aquilo que vemos e criar imagens hoje acaba por nos impelir a falar também das imagens que já temos dentro de nós.
Respigando no arquivo televisivo e na memória subjectiva e colectiva, articulando vozes, textos e materiais diversos, o projecto Andromeda ensaia também mover-se entre a forma expositiva e a forma fílmica. As sucessivas experiências de composição e montagem, destinadas à sala de exposição, à sala cinematográfica ou à sala de conferência, vão reconfigurando a proposta diante do espectador contemporâneo, homo spectator-visitor.
Voltar a ver não diz respeito ao passado, é uma exploração de possíveis deslocações entre o passado e o presente. As imagens do passado olham para nós e pedem para comparecermos diante delas.
Esbatendo os limites entre o documento e a invenção, pela intermediação da figura de uma jovem e inventiva telespectadora que gere o dispositivo e o “fluxo das imagens, coloco o espectador entre o tempo da primeira idade da televisão e o tempo da sua presença em sala, entre a memória e a imaginação, a utopia e a experimentação. Outrora e Agora, entre o passado e o presente poderá também acontecer uma ideia de futuro.
Luciana Fina
Cineasta e artista italiana, trabalha em Lisboa desde 1991. Investigando as hipóteses do Cinema no campo das Artes, tem desenvolvido um trabalho destinado a salas de cinema, palcos, museus e galerias. Após a formação em Literaturas Românicas, inicia uma longa colaboração com a Cinemateca Portuguesa como programadora. Em 1993 cria a primeira instalação Super 8 para o palco, “Branco Sujo”, coreografia de João Fiadeiro. Estreia-se na realização em 1998, integrando a geração de realizadores e realizadoras que deram nova vida ao documentário em Portugal. Entre 2002 e 2003, com a instalação “CCM” na Fundação Gulbenkian e o tríptico “CHANTportraits” no Museu do Chiado, focando os temas das migrações e do retrato, dá início ao seu percurso em espaços expositivos. O extenso corpo de trabalho, filmes, instalações fílmicas e site-specific, tem sido apresentado internacionalmente em festivais de cinema e exposições, estando representado na Colecção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, na Colecção Nouveaux Medias do Centre Georges Pompidou e na CACE Colecção de Arte Contemporânea do Estado. Entre as obras mais recentes “In Medias Res” (2014), Prémio Melhor Filme Português Arquiteturas Film Festival, Menção Honrosa Temps d’Images Film on Art Award; “Terceiro Andar” 2016, exposição Museu Gulbenkian, Doclisboa e 34º Torino Film Festival; “Questo è il piano” 2020, Doclisboa e MNAC; “Andromeda”, exposição Carpintarias de São Lázaro/Festival Temps d’Images 2021, com estreia do filme em 2023 no Doclisboa e Family Film Project Porto. Professora convidada no Ar.co, lecciona História(s) do Cinema. Investigadora em Artes da Imagem em Movimento, colaboradora do Centro de Investigação e de Estudos em Belas- Artes (CIEBA), Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes.