Arquivo

ESAD.CR

RECOMEÇAR DO FUTURO | desafios da gestão cultural no presente

Mestrado em GESTÃO CULTURAL

CONFERÊNCIA
11 DE DEZEMBRO DE 2023, 18H
AUDITÓRIO DO EP.1 – ESAD.CR

Num mundo abalado pelo brutalismo bélico e por guerras culturais marcadas por múltiplas formas de violência simbólica, a Gestão Cultural enfrenta novos desafios que afetam as suas metodologias e práticas. Esta conferência visa promover espaços de debate critico e encontro entre agentes culturais e a comunidade académica, perspetivando eixos comuns de ação relacionados com a gestão, produção e programação cultural, comprometidos com a efetiva consumação da democracia e da cidadania cultural emancipadas.


Andreia Carneiro
Docente na Escola Superior de Teatro e Cinema e na Escola Superior de Dança. Produtora, gestora cultural e coordenadora da plataforma Produtores Emergentes

Ana Lama Gallery (Margarida Chambel and Nuno Oliveira)
Diretores artísticos de uma curadora desaparecida, a Ana Lama, a inventora do conceito Fake Extreme Art

Gonçalo Riscado
Gestor cultural, criativo e produtor. Diretor da empresa CTL – Cultural Trend Lisbon e do Festival MIL Lisboa

Léa Prisca Lopez
Mediadora e programadora cultural. Integra a equipa da 4iS Inovação Social. Mediadora para o Teatro Nacional Dona Maria II no projeto da Odisseia Nacional

Sandra Oliveira
Diretora artística do Festival Jardins Efémeros e da Galeria VNBM (Viseu)


GONÇALO RISCADO

Título da intervenção: Recomeçar pelas fundações

SINOPSE
A importância dos espaços e dos movimentos grassroots e a urgência de ganharem centralidade e relevância nas estratégias de políticas culturais e urbanas é o tema desta intervenção. Ou seja,  falaremos sobre formação e experimentação, criatividade e oportunidade, formatação e liberdade, diversidade e centralidade, democracia  cultural e representatividade, urbanismo e economia noturna …  e, também, sobre música popular, num grande exercício de capacidade de síntese.

BIOGRAFIA
Gestor cultural, criativo e produtor, Gonçalo Riscado é o diretor da CTL.
A CTL é responsável por diversos projetos culturais nacionais, entre os quais se destacam o MIL – Lisbon International Music Network (festival e convenção internacional), o Musicbox Lisboa (sala de concertos e clube noturno), a Casa Capitão (espaço de programação pluridisciplinar) ou o Festival Silêncio (festival transdisciplinar). É também parceira nos projetos europeus Liveurope (plataforma europeia de apoio à circulação de artistas emergentes), Slash Transition (música como catalisador de cidades sustentáveis) e JUMP-European Music Market Accelerator (programa acelerador de ideias e projetos para a indústria musical).
Gonçalo é ainda um dos fundadores da Circuito.live, associação de salas independentes de programação de música, criada em 2020 e membro associado do Live DMA.

GALERIA ANA LAMA | FAKE EXTREME ART

Título da Intervenção: Ficção Bloqueada, um Veículo para Adrenalina Estética

SINOPSE
Queremos contextualizar a pesquisa estética que fazemos com o projeto da Galeria Ana Lama, que remete para o cruzamento entre uma curadoria experimental, no âmbito das artes visuais e da performance art, e a escrita. Tudo em torno de uma curadora desaparecida, a Ana Lama, a inventora do conceito Fake Extreme Art, FEA.
O FEA é um processo de falsificação aparente de algo, com aparência de auto sabotagem, evocação talvez de um projeto de auto censura. São criadas várias layers de ficção no sentido de incorporar trabalhos individuais de artistas num experimento coletivo, poético e ensaístico.
Uma tentativa de forjar uma comunidade onde só de forma contida se poderia pactuar com a imaginação sem freio. Personagens encarcerados num acordo teriam mais liberdade do que o resto da sociedade, mas também mais medo.
(O projecto é um manifesto a favor da ficção, consciente dos perigos que esta enfrenta na contemporaneidade e, melancolicamente, capaz de reconhecer os seus próprios limites.)
A apresentação discutirá os desafios que o coletivo de artistas enfrenta ao operacionalizar o conceito de “Ficção Bloqueada”, como ferramenta de reflexão e intervenção no mundo contemporâneo. O tema pode ser abordado ao nível da discussão de ideias, como também em termos de:
– Estratégias de produção;
– Criação de uma plataforma para o vídeo ondemand;
– Edição de livros (romances que fazem a compilação da narrativa falseada de uma curadora)
– Programação de performance em formato de making of;
– Estratégias de comunicação com base nos textos de divulgação ficcionados sobre os performers programados
– Pacotes de formatos de curadoria a partir de difamações consentidas.

BIOGRAFIA
Margarida Chambel (1978) e Nuno Oliveira (1974), colaboram desde 2005 no desenvolvimento de um trabalho constante, em Portugal, no âmbito da performance art – executando, programando e documentando, reunindo artistas e agentes, promovendo debates e ciclos de artistas nacionais e internacionais. Licenciados em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa em 2003, aprofundaram a sua formação na Facultad de Bellas Artes de Sant Charles, Valência, em 2002, sob a orientação de Bartolomé Ferrando nos Estudos de Performance. O duo explora a construção de dispositivos visuais e literários, na criação e na programação de performances. O mais recente projeto nómada que concebem chama-se Galeria Ana Lama e é focado em Performance e Arte Extrema, é apoiado pela República Portuguesa – Cultura DGARTES e pela Câmara Municipal de Lisboa, contando com parcerias diversas na cidade de Lisboa. Em dezembro de 2021, lançam o seu primeiro romance, uma obra colaborativa que une a narrativa de Nuno Oliveira à expressão visual de Margarida Chambel, centrada na curadora Ana Lama. Entre 2014 e 2016, desenvolvem Cubículo Projeto Galeria e, de 2009 a 2012, coordenaram o projeto epipiderme-encontros à volta da performance, apresentando 176 performances internacionais ao longo desses anos. Destaca-se o Festival de Intervenção e Performance na Cidade de Lisboa, IMERGÊNCIA, em 2011, que reuniu 51 artistas, incluindo algumas referências como, Serge Pey, Fernando Aguiar, Alberto Pimenta e Rocio Boliver. A dupla recebeu a Bolsa da Gulbenkian de Apoio às Artes Visuais em 2018 para o projeto Galeria Ana Lama e em 2014 para o Cubículo Projeto Galeria. Além disso, foram bolseiros através do programa de apoio à mobilidade i-portunos em 2019, com uma residência na Galerii Metrpol na Estónia, e participaram do Acción!MAD19 – XVII Encuentro de Arte de Acción, numa residência no Centro Dados Negros em Villanueva de Los Infantes, Espanha. As suas performances marcam presença nacional, no evento Reinvenções dos 100 anos da Conferência Futurista do Almada Negreiros, Projeto P! no Teatro São Luiz em abril de 2017, e na 16.ª Bienal de Cerveira em julho e agosto de 2011.

Fotografia de Stratos Ntontsis.

Making of #12. Kaarel Kütas (Estónia), Cosmos Cac, Lisboa Nov. 2022

Léa Prisca López

TÍTULO DA INTERVENÇÃO: Recomeçar do futuro
_Onde as políticas culturais servem a democracia da cultura _

SINOPSE
Recomeçar do futuro é estar no lugar onde seria desejável estar, onde a nossa sociedade, autodenominada civilizada, deveria encontrar-se. Não será uma perspetiva subjetiva, ligada à pessoa que detém a palavra, neste caso, eu, e aos meus valores. Deveria, antes, constituir uma visão objetiva, independente dos meus gostos e valores, imperativamente orientada para um destino democrático. Para tal, dispomos de um guia acessível: a Constituição Portuguesa, que delineia os nossos direitos e deveres, descrevendo a democratização da cultura e indicando os caminhos para a Democracia Cultural. E que dizer dos instrumentos nacionais para fazer valer a Constituição? E os municipais? Será o atual sistema municipal eficaz? Neste desenho das políticas locais, o meu objetivo é a reterritorialização graças às políticas culturais, ou seja, mapear, conhecer, reconhecer o que existe no “território_zona” (local, tradicional) para não se perder no global (território-rede). Defendo a “reterritorialização” graças às políticas culturais estratégicas para o desenvolvimento da capacitação humana, em outros termos, a cultura e as artes como um bem essencial à capacitação dos humanos para a cidadania e democracia cultural. Esta reterritorialização só pode ser realizada com a participação dos habitantes e dos instrumentos nacionais e municipais com caráter obrigatório e monitorização. Por esta razão, imagino no futuro uma cultura liberta da instrumentalização política e da avidez pelo poder, mas sim proveniente de um sistema de colaboração: cocriação e coprogramação, em que todos os cidadãos possam participar. E este é, ao meu ver, o principal desafio da gestão cultural.

BIOGRAFIA
Léa Prisca López é mediadora e programadora cultural. É formada em Artes Plásticas e com Mestrado em Estudos de Artes (École Supérieure des Beaux-Arts Montpellier), com intervenções de Annie Tolleter e de Mathilde Monnier do Centre Chorégraphique National de Montpellier e completa a sua formação académica com um Mestrado de Planeamento Regional e Urbano pela Universidade de Aveiro para entender de que forma os (a)gentes culturais podem ter voz ativa no planeamento do território e a importância das Políticas Culturais como necessidade absoluta na construção de um território com valores de igualdade, solidariedade, integrador, interdisciplinar e intercultural.
Chega a Portugal em 2005, através do programa Europeu de Residências Artísticas, “Artist in context” des Pépinières Européenne pour Jeunes Artistes e trabalha na d’Orfeu até 2014, criando toda a comunicação visual e multimédia. Desenvolveu na associação todos os projetos de mediação em ligação à comunidade local e aos agentes culturais como a d’Formação, plataforma formativa da associação, o Seminário para o Associativismo, a OpÁ! Orquestra Percussiva de Águeda, visitas pedagógicas, campos de férias e mediação dos eventos como o Festival i e o Ciclo Experimental. É consultora em comunicação cultural, desenvolve projetos pedagógicos e comunitários, além de desenvolver trabalhos como freelancer em agenciamento de banda e road manager com a produtora Sons Vadios pelo acompanhamento de bandas internacionais em Macau, no festival da Lusofonia. Coordenou em 2017, o Plano de Ação de Águeda Amigas das Crianças da UNICEF e a estratégia de participação para o Plano Estratégico da Cultura para o Município de Águeda. Trabalhou também no Serviço Educativo da Biblioteca Municipal de Águeda onde lança o MALA- Manifestação Literária de Águeda que terá duas edições (online e presencial).
Em 2021, é convidada a formar a dupla, com Andreia Brites, de curadoria de projetos, na área do livro e da leitura ligada ao território e às comunidades, para a candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura 2027. Em 2022, se junta à equipa da 4iS Inovação Social num projeto de escala Europeia ‘Tandem’ Regions of Solidarity e investiga e cria o piloto do mapeamento das práticas comunitárias fora do radar, além de dinamizar as sessões dos Clubes Cultura em Comunidade para a Candidatura de Aveiro a Capital Europeia da Cultura 2027.
Trabalhou como mediadora para o Teatro Nacional Dona Maria II no projeto da Odisseia Nacional, no eixo de programação dos projetos de participação “ATOS” com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, em 19 municípios nas regiões Norte, Centro e Açores (Faial).

https://lealopez.wordpress.com/

Sandra Oliveira

BIOGRAFIA
É criadora e directora do festival Jardins Efémeros e VNBM – arte contemporânea. 
Gestora Cultural, programadora e formadora em programação cultural e criação/programação de temporadas / festivais.
Formada em Gestão de empresas pela Universidade do Minho, criou em 2001, com António Henriques e Joaquim Neto Santos as galerias Dimensão Design e a António Henriques – galeria de Arte Contemporânea representando Portugal nas Feiras internacionais Arco e Frieze, galeria essa que até 2011, apresentou em Viseu, vários dos notáveis artistas plásticos portugueses, designadamente Rui Chafes, Nuno Cera, Julião Sarmento, Vítor Pomar, Pedro Cabrita Reis entre muitos outros;  Em 2011 cria o programa Jardins Efémeros; Em 2015 é uma das fundadoras da Pausa Possível Associação Cultural e de Desenvolvimento, sendo actualmente a presidente e responsável pela direção geral e artística da estrutura.  Desde 2020 é vice-presidente da Associação Estradas da Mente, onde cocria o programa aldeiaglobal com o jornalista e diretor do festival Cógito do Município de Oeiras, Rui Neto Pereira.