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CADERNO REIVINDICATIVO

Licenciatura em Programação e Produção Cultural

No âmbito da conferência “Rumo à Democracia Cultural”, inspirada pela Carta de Porto Santo, a realizar no Centro Cultural e de Congressos – Caldas da Rainha, nos dias 13 e 14 novembro de 2023, a turma do 3º ano da licenciatura em Programação e Produção Cultural, elaborou um CADERNO REIVINDICATIVO que incorporou propostas e reivindicações de alunes da ESAD, o qual será apresentado e entregue à organização da referida conferência. Paralelamente à elaboração do caderno, foram produzidos e distribuídos cartazes contendo as principais propostas e reivindicações inseridas no caderno.

DEMOCRACIA CULTURAL

Beatriz Rodrigues, Joana Castelão, João Figueiredo e Pedro Machado

O conceito de democracia cultural procura fundamentar a valorização da diversidade cultural numa determinada sociedade, a partir da promoção da igualdade, tanto nas várias atividades culturais e suas oportunidades de criaçãoe participação, como entre os diversos grupos que compõem essa mesma sociedade. Diretamente relacionada com a democratização cultural, é essencial entender a importância da sua coexistência num só espaço governamental, com o intuito de proporcionar um bem-estar comum crescente à população que o compõe.
Aplicável nas diversas áreas artísticas e direcionado a todos os grupos que a constituem, torna-se um objetivo primordial no contexto cultural, artístico e criativo; impulsionando o respeito entre grupos maioritários, minorias étnicas e grupos marginalizados, a partir da promoção do acesso à produção e expressão cultural. Rege-se pela procura do equilíbrio entre as diversidades culturais que determinada sociedade contempla, empoderando a curiosidade saudável entre diferentes indivíduos.
No mundo atual, a democracia cultural responsabiliza-se pela promoção da inclusão, da criação de sociedades mais justas e equilibradas, da valorização e conservação da diversidade e identidade cultural e do fortalecimento da coesão social. Impulsionando a compreensão mútua, a diversidade cultural promove a convivência saudável e o enriquecimento cultural.
O envolvimento comunitário na produção cultural e na democracia cultural, desempenham papéis importantes na promoção da diversidade, inclusão e participação ativa nas expressões artísticas. Contudo, a aplicação da democracia cultural enfrenta várias adversidades práticas devido à influência do sistema capitalista. Compreender essas adversidades é essencial para promover uma cultura mais inclusiva e diversificada e que valorize a autenticidade cultural e a participação ativa da comunidade.

Quais são os benefícios de envolver as comunidades na produção cultural?
Eu acho que os benefícios é haver mais representatividade dessas comunidades na cultura, havendo consequências positivas, criando o sentimento de mais inclusão na sociedade mas também pelo facto, e criando menos estigma e mais empatia, momentos de partilha das minorias, papel de reconhecimento de importância que a minoria tem na sociedade – muito da cultura de massas vem das minorias numa forma de apropriação e um mascaramento da origem das coisas, para se enquadrar melhor nas maiorias.

Que impacto a democracia cultural pode ter na coesão social e na inclusão?
A ideia de “democracia cultural” é debatida e a sua aplicação prática é questionável. No entanto, a ideia de uma programação cultural baseada em recursos livres e de livre acesso à população é vista como promissora, promovendo formas culturais locais e marginalizadas, isso desafia paradigmas culturais estabelecidos e combate a elitização cultural. Porém, a influência do sistema capitalista na cultura apresenta desafios, a cultura é frequentemente instrumentalizada para promoções comerciais, moldando uma cultura “popular” em função de interesses económicos, resultando assim em programações culturais que frequentemente ignoram expressões culturais autênticas. Em resumo, a democracia cultural enfrenta desafios práticos devido à prevalência do sistema capitalista na paisagem cultural contemporânea.

Como a democracia cultural promove a participação ativa das comunidades e dos cidadãos na vida cultural?
A existência de democracia cultural promove a envolvência populacional no desenvolvimento de determinada comunidade. É certo que algumas tradições ditam o comportamento daqueles que residem em determinadas regiões e, especialmente, em meios mais pequenos, o julgamento perante o incumprimento de certos panoramas préestabelecidos poderá dificultar a adaptação e o dia-a-dia dos seus residentes. Assim sendo, o cultivo de uma democracia cultural incentiva a participação de todos, promovendo o interesse de desenvolver as dinâmicas culturais dos territórios.