Arquivo
O paciente exercício da destruição
Pedro Lagoa
AULAS ABERTAS DE PRÁTICAS ARTÍSTICAS CONTEMPORÂNEAS_2024_25
4 DEZEMBRO DE 2024, 17H30
SALA 34 dO EP.1 – ESAD.CR
Um acto destrutivo constitui-se sempre como a expressão de uma recusa. Seja esta recusa dirigida contra uma materialidade objectiva ou contra uma existência abstracta, como é a das ideias e conceitos, e operando a um nível mais simbólico ou com um maior impacto sobre a realidade, ela exerce-se no, e insurge-se contra, o Presente, contra o tempo que a gerou, numa tentativa de ruptura contra a repetição, contra a perpetuação do instante.
Este tipo de recusas pode ser encontrado ao longo da história nos mais diversos contextos e situações onde existe uma vontade de reequilíbrio e redefinição de relações de poder, abrindo possibilidades utópicas de recriação e reconfiguração da realidade e suas representações.
Para esta sessão, proponho olhar para alguns dos meus trabalhos, onde estas ideias de destruição e recusa assumem um papel importante, numa condição dúplice de objecto de trabalho e ferramenta crítica que influi de forma decisiva nos processos de trabalho e produção.
Entre os projectos a apresentar conta-se o arquivo de destruição e algumas das suas manifestações e materializações. Sendo um projecto que lida principalmente com apropriação e imagens de arquivo, será uma oportunidade para abordar algumas questões ligadas ao carácter das imagens — e das imagens na arte — num mundo dominado por uma sobre-produção e circulação—consumo acelerado de visualidades.
Pedro Lagoa é um artista cujo trabalho se tem desenvolvido maioritariamente em torno de práticas e conceitos específicos de destruição. Explorando o potencial que o acto destrutivo contém de se constituir como expressão de recusa e ferramenta crítica transversal a temporalidades diversas, a sua prática compreende uma diversidade de media, apresentando-se frequentemente sob a forma de instalação, publicação ou vídeo. O seu trabalho tem sido apresentado internacionalmente em locais como: Appleton, Lisboa, (2023); Culturgest, (2020); Art Polygon, Gwangju (2018); Gasworks, Londres (2014); Museu de Serralves, Porto (2014); Cabaret Voltaire, Zurique (2013); Nam June Paik Art Centre, Gyeonggi-do (2010); Portikus, Frankfurt (2007).
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