“DIREITO AO ESPAÇO” — Exposição de serigrafia e gravura | 09.10.2023 — 28.06.2024 | SERVIÇOS CENTRAIS — POLITÉCNICO DE LEIRIA

“Direito ao Espaço”, exposição de serigrafia e gravura, apresenta os trabalhos realizados especificamente para a FIG BILBAO 2021 – Festival Internacional de Grabado y Arte Sobre Papel. A Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha do Politécnico de Leiria (ESAD.CR) tem, desde a sua origem, a prática da gravura e do desenho como estruturantes para a compreensão do processo criativo e autoral das artes e do design. Nesta mostra, Ana Rita Manique, Célia Bragança, Miguel Ângelo Marques, Miguel Ferreira e Sara Pinho da Cruz procuram compreender o espaço a partir de lugares e interesses diversos. O trabalho agora apresentado teve a orientação oficinal de Célia Bragança, docente na ESAD.CR.

 

Direito ao Espaço

Há 25 mil anos na Península Ibérica, mais precisamente no Vale do Côa, já se faziam gravuras escavadas no plano de certas rochas. Os desenhos aí sulcados, maioritariamente animais, foram sendo acumulados pelo homem paleolítico somente em certos lugares e nas mesmas rochas escolhidas pelos seus antepassados, assim se foi edificando um verdadeiro palimpsesto realizado ao longo de milhares de anos. Os lugares foram assim adquirindo sentido(s) na mesma medida da acumulação de expressões e grafismos carregados de aura que ainda hoje nos comovem.

Gaston Bachelard no seu livro “Le droit de rêver”, lembra que a gravura mais que qualquer outra forma de expressão vive do gesto que vivifica o processo de execução. Isto é, perante uma gravura impressa a partir de uma chapa de metal, pedra ou madeira qualquer um de nós retêm e valoriza mais o movimento do gesto que faz a imagem do que a mesma estabilizada como um todo. 

A Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha do Politécnico de Leiria, tem desde a sua origem a prática da gravura do desenho como estruturantes para a compreensão do processo criativo e autoral das artes e do design. Nesta mostra feita primeiramente em Bilbao e para a FIG Bilbao, Ana Rita Manique, Miguel Ferreira, Sara Cruz e Miguel Ângelo procuram compreender o espaço a partir de lugares e interesses diversos. 

Miguel Ângelo, cita o espaço do Vale do Côa e reescreve a paisagem a parir dos seus ritmos humanizados, essa escrita necessita de largueza, horizontalidade, talvez por isso o artista procure imagens que projetem o olhar da paisagem que modela um rio de sentidos. 

Sara Cruz, é mais intimista na aproximação, os seus desenhos valorizam as plantas, pequenos e grandes seres que habitam o planeta muito antes de nós e complexos nas suas interações. No nosso tempo de encruzilhadas várias fomos agora obrigados a olhar para as plantas de uma forma crescentemente esclarecida, são disso exemplo os escritos de Emanuele Coccia, Stefano Mancuso ou Peter Wohlleben. É sintomático que Sara Cruz queira recuperar a ligação ancestral do nosso corpo com o corpo vegetal da natureza, talvez seja essa afinal uma visão estética para o nosso futuro comum, faz isso quase citando Giuseppe Arcimboldo a as suas famosas alegorias que apesar de grotescas exprimem vitalidade.  

Para Miguel Ferreira o espaço continua a ser a tónica, mas desta vez o espaço da interação urbana, da citação de um personagem Alter ego. Os grandes formatos e a noção instalativa do uso da gravura são também formas de pensar o espaço da representação na confrontação com o real

Ana Rita Manique apresenta-nos imagens que são o resultado do ato de cerzir lugares urbanos distantes entre si, mas próximos na sua construção imaginária e mental. Num mundo dominado pelos não lugares, que se qualificam como espaços de passagem, avessos ao encontro e os de consumo, resta-nos imaginar como podemos pensar, restaurar imageticamente os lugares de relação e não de solidão. 

O trabalho agora apresentado teve a orientação oficinal dedicada e interessada de Célia Bragança. O resultado é um conjunto de obras inéditas realizadas especificamente para a FIG Bilbao e que agora se mostram em cada uma das nossas escolas e na Rede Cultura 2027. 

Samuel Rama 

 

 

 

 

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Notas biográficas dos artistas:


Ana Rita Manique
(1999, Santarém), licenciada em Artes Plásticas pela ESAD.CR | Politécnico de Leiria e a aluna do Mestrado em Design de Produto na mesma instituição.

Célia Bragança é doutorada em Grabado y Estampación, pela Faculdade de Belas Artes de San Carlos da Universidade Politécnica de Valência. Especialista Universitário em Grabado y Estampación. Grau de Mestre pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa da Universidade de Lisboa. Lecciona Gravura na área das Artes Plásticas e Design Gráfico, na Escola Superior Artes e Design – Caldas da Rainha – ESAD – IPLeiria. Foi bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) entre 2010-2014. Completou a Pós- graduação em Curadoria e Programação das Artes, na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa.

Miguel Ângelo Marques (1994, Guimarães), vive e trabalha nas Caldas da Rainha, licenciado em Artes Plásticas e aluno do Mestrado de Artes Plásticas da ESAD:CR | Politécnico de Leiria.

Miguel Ferreira (2000, Caldas da Rainha), frequenta a licenciatura em Artes Plásticas da ESAD.CR | Politécnico de Leiria, concluiu o ensino secundário em artes visuais na Escola Secundária Raul Proença , Caldas da Rainha

Sara Pinho da Cruz, licenciada em Artes Plásticas pela ESAD.CR | Politécnico de Leiria e aluno do Mestrado de Artes Plásticas da mesma instituição, frequentou o ensino secundário na Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho em Figueira da Foz.

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Ficha Técnica da Exposição:

Programação e Curadoria
Samuel Rama e Célia Bragança

Produção
Bibliotecas do Politécnico de Leiria
Sónia Gonçalves
João Sousa

Design Gráfico
Francisco Moreira

Comunicação
Francisco Moreira, Liliana Gonçalves, Sónia Gonçalves

Agradecimento

Oficina de Audiovisuais da ESAD.CR
Oficina Digital da ESAD.CR
Oficinas de Gravura e Serigrafia da ESAD.CR