Uma nova sondagem revela que, embora na sua maioria os europeus considerem que, em geral, a vida é justa, preocupam-se com a justiça, as decisões políticas e as desigualdades de rendimento.

Uma nova sondagem revela que, embora na sua maioria os europeus considerem que, em geral, a vida é justa, preocupam-se com a justiça, as decisões políticas e as desigualdades de rendimento.

O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, fez da equidade na UE a pedra angular das suas prioridades políticas. A fim de apoiar esse esforço com provas científicas, no ano passado o serviço científico e informativo da Comissão Europeia, o Centro Comum de Investigação (JRC), elaborou o seu primeiro Relatório sobre equidade. Os resultados do inquérito do Eurobarómetro Especial, hoje publicado, irão contribuir para dar resposta a questões mais vastas, relacionadas com a perceção das desigualdades no domínio do emprego, da educação, da saúde e da sociedade em geral.

Ainda de acordo com o Eurobarómetro hoje publicado, os europeus consideram maioritariamente que, na globalidade, a sua vida é justa e que dispõem de oportunidades iguais para progredirem. Todavia, independentemente do seu estatuto social, da riqueza ou dos contactos sociais, estão menos convictos de que a justiça e as decisões políticas no seu país sejam aplicadas de forma equitativa e coerente. Além disso, a grande maioria dos inquiridos considera que as desigualdades de rendimentos são demasiado importantes e que os governos devem resolvê-las, enquanto menos de metade crê que a igualdade de oportunidades e o seu estatuto social evoluíram de forma positiva ao longo do tempo.

Tibor Navracsics, Comissário Europeu responsável pela Educação, a Cultura, a Juventude, o Desporto e responsável pelo JRC, declarou: «A equidade é crucial para erigir uma Europa mais resiliente e coesa. As nossas iniciativas neste domínio devem basear-se em provas sólidas, sem deixar ao mesmo tempo de ter em conta os valores e as perceções dos europeus. Congratulo-me com o facto de o trabalho desenvolvido pelo JRC melhorar a nossa compreensão a ambos os níveis, contribuindo de forma decisiva para os nossos esforços no sentido de edificar uma Europa melhor para o futuro.»

Os principais resultados do inquérito do Eurobarómetro abrangem os domínios da educação, dos rendimentos, do estatuto social e da mobilidade entre gerações. Incidem também sobre as perceções no que respeita à migração, que constitui um dos fatores na origem de desigualdades crescentes, e à globalização, um indicador das preferências políticas, as quais, entre outros fatores, determinam as atitudes face à equidade e às desigualdades:

  • No entender de mais de metade dos inquiridos, os cidadãos têm oportunidades iguais para progredir (58 %). No entanto, segundo 81 % dos inquiridos na Dinamarca, em contraste com apenas 18 % na Grécia, este valor oculta disparidades regionais substanciais
  • Os inquiridos mostram-se menos otimistas no que diz respeito à equidade em domínios específicos. Apenas 39 % acreditam que a justiça prevalece sempre sobre as injustiças, embora uma proporção equivalente discorde. Numa nota ainda mais pessimista, apenas 32 % dos inquiridos concordam que as decisões políticas são aplicadas de forma coerente a todos os cidadãos, elevando-se a percentagem de inquiridos que discordam a 48 %. Na generalidade, as pessoas são mais propensas a considerar que as coisas são justas se o seu nível de educação for superior, se forem mais jovens e tiverem um melhor nível de vida.
  • A esmagadora maioria considera que as diferenças de rendimento são demasiado acentuadas (84 %), oscilando entre 96 % em Portugal ou 92 % na Alemanha e 59 % nos Países Baixos. Em todos os países, com exceção da Dinamarca, mais de 60 % dos inquiridos concordam que os governos devem adotar medidas para reduzir as desigualdades
  • Segundo 98 % e 93 % dos inquiridos, respetivamente, a saúde e uma educação de qualidade são fatores essenciais ou importantes para avançar na vida. Mais de 90 % dos inquiridos consideram que trabalhar arduamente e conhecer as pessoas certas são também fatores essenciais ou importantes. Considera-se que é menos importante ser proveniente de uma família rica, ter contactos políticos, ter uma determinada origem étnica ou ser de um determinado género.
  • Menos de metade dos inquiridos (46 %) acredita que as oportunidades de progredir na vida são mais equitativas em relação a 30 anos atrás, concordando 70 % em Malta, na Finlândia e na Irlanda, mas menos de 25 % na Croácia, em França e na Grécia.
  • No total, 47 % dos europeus consideram que a globalização é um fator positivo e 21 % discordam. 39 % consideram que a imigração no seu país é positiva, enquanto que 33 % pensam o contrário.

O JRC irá utilizar os dados do inquérito e as mais recentes investigações científicas para continuar a construir uma base de conhecimentos a fim de apoiar as políticas da UE destinadas a criar uma sociedade mais justa. Em 2019, irá publicar uma série de sínteses políticas, bem como a segunda edição do Relatório sobre equidade.

Contexto

A edição especial do Eurobarómetro n.º 471, «Equidade, desigualdade e mobilidade entre gerações» foi elaborada com base em entrevistas pessoais, realizadas entre 2 e 11 de dezembro de 2017. No total, foram entrevistadas 28 031 pessoas em 28 países da UE.

O relatório precedente do JRC sobre equidade analisou os dados e as estatísticas sobre a desigualdade de rendimentos e sobre o impacto do meio familiar e da localização geográfica sobre as oportunidades nos domínios da educação, da saúde e do mercado de trabalho, bem como sobre as perceções das pessoas e as suas atitudes. O JRC lançou também uma Comunidade de Práticas sobre equidade, pondo os decisores políticos da UE em contacto com meios académicos e investigadores que se dedicam a questões relacionadas com a equidade.

No quadro do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, a Comissão apresentou uma série de iniciativas jurídicas e políticas nesse sentido, incluindo uma proposta para promover a igualdade de género graças a um melhor equilíbrio entre a vida profissional e familiar para os pais que trabalham, bem como propostas destinadas a melhorar a transparência e a previsibilidade das condições de trabalho e o acesso de todos à proteção social.

A fim de tirar pleno partido do potencial da educação e da cultura no sentido de promover a justiça social, a participação e o crescimento económico, a Comissão pretende criar um Espaço Europeu da Educação até 2025, propondo uma série de iniciativas em matéria de educação, juventude e cultura. O seu primeiro pacote de medidas, apresentado em janeiro, inclui uma proposta com vista a reforçar a educação inclusiva no intuito de promover uma educação de qualidade para todos os alunos.

Para mais informações:

Eurobarómetro, Relatório e Fichas por país

Ficha de informação do Centro Comum de Investigação

Relatório sobre equidade, Centro Comum de Investigação, 2017