Testemunhos

Rui Gonçalves

Escola

ESTM

Curso

Licenciatura. Biologia Marinha e Biotecnologia

Ano de conclusão

2006

Sou licenciado em Biologia Marinha e Biotecnologia pela Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), onde estudei entre 2001 e 2006.

Guardo excelentes memórias!
Em 2001, o curso de Biologia Marinha na ESTM estava apenas no seu segundo ano, o que fazia da escola um espaço pequeno, muito familiar e com uma grande proximidade entre alunos e professores. Peniche, por sua vez, é uma cidade acolhedora e com uma ligação muito especial ao mar — o cenário perfeito para quem gosta de atividades aquáticas e da vida costeira. Recordo com carinho os bons tempos vividos, as amizades que ainda hoje mantenho e os inúmeros momentos felizes, tanto no contexto académico como na vida estudantil. Foram anos que marcaram o meu percurso pessoal e profissional.

Após terminar o curso, continuei a trabalhar na empresa onde tinha estagiado — uma maternidade de dourada e robalo, no Algarve — onde permaneci alguns anos. Um ano depois, iniciei o Mestrado em Aquacultura na Universidade do Algarve, onde desenvolvi a minha tese sobre os requisitos nutricionais de ácidos gordos essenciais em juvenis de linguado. Concluído o mestrado, trabalhei vários anos em projetos de investigação, sobretudo com o choco europeu (Sepia officinalis), focando-me em aspetos de zootecnia, adaptação a condições de cultivo e formulação de dietas adaptadas à produção comercial.

Depois de alguns anos como bolseiro (uma vida algo ingrata em Portugal), surgiu a oportunidade de me mudar para Tromsø, na Noruega, onde trabalhei numa empresa piloto dedicada à produção de ouriços-do-mar em condições comerciais. Fui responsável pela otimização das condições de cultivo na fase juvenil, introduzindo melhorias zootécnicas e nutricionais. Mais tarde, mudei-me para Viena (Áustria), para integrar a empresa BIOMIN, especializada em aditivos para alimentação animal, onde trabalhei cinco anos. Durante este período, realizei o Doutoramento na Universidade de Stirling (Reino Unido) sobre o impacto das micotoxinas em peixes. Posteriormente, aceitei um novo desafio em Barcelona (Espanha), também no setor de aditivos, onde permaneci quatro anos e concluí um MBA em Agribusiness (TIAS/Wageningen University, Holanda).

Em 2023, surgiu a oportunidade de integrar a Singapore Food Agency (SFA), onde atualmente desempenho funções de Diretor-Adjunto no domínio do desenvolvimento estratégico da aquacultura. Coincidindo com esta fase, concluí o meu MBA com uma análise sobre a estratégia de mercado para a produção de robalo asiático.

Atualmente sou Director-Adjunto na Singapore Food Agency (SFA), instituição responsável pela segurança alimentar e desenvolvimento sustentável do setor Agricula em Singapura. Eu trabalho exclusivamente em  projectos ligados a aquacultura. Na área da aquacultura, lidero iniciativas de inovação, sustentabilidade e desenvolvimento tecnológico e estratégia produtiva, promovendo a ligação entre investigação científica (Universidades e Politécnicos), indústria e políticas públicas para acelerar a transição do setor para uma produção mais eficiente e resiliente.

Sou apaixonado por desportos aquáticos e, desde que vivo em Singapura, tenho experimentado modalidades menos comuns na Europa, como o dragon boat e a canoa polinésia (outrigging) — experiências desafiantes, mas muito divertidas!

A licenciatura na ESTM foi, sem dúvida, a base fundadora da minha formação profissional e pessoal. A escola deu-me as ferramentas essenciais e o espírito crítico necessário para construir uma carreira sólida e internacional. Ainda mantenho amizades dos tempos de estudante e recordo com carinho os professores e colegas que marcaram esse período. Claro que a formação é apenas o início — o segredo está em continuar a aprender —, mas ter uma boa base é fundamental. E a ESTM cumpriu (e muito bem) esse papel.

Espero que a Rede Alumni seja um elo de ligação ativo entre os antigos alunos e o Politécnico de Leiria — nos dois sentidos.
Por um lado, para divulgar eventos, oportunidades e formações; por outro, para que os alumni possam também contribuir ativamente com a sua experiência profissional e visão crítica. Acredito que os antigos alunos podem ajudar a identificar lacunas e oportunidades de melhoria que, estando no terreno, conseguem ver com maior clareza do que quem está apenas no contexto académico.

Acredito que a Rede Alumni poderia criar fóruns de discussão por Escola e Curso, permitindo aos antigos alunos contribuir diretamente para o futuro das suas áreas de formação. Seria também útil promover pontes entre o Politécnico e o mundo empresarial, facilitando estágios e experiências internacionais. Muitos alumni trabalham hoje em instituições e empresas de referência fora de Portugal, o que poderia abrir portas a colaborações, estágios e programas de intercâmbio. Num contexto em que tanto se fala da “endogamia académica” nas instituições de Ensino em Portugal, é fundamental abrir o ensino superior Português ao mundo — e quem melhor do que os seus antigos alunos para ajudar a construir essas pontes?