Testemunhos

Escolhi o Politécnico de Leiria, mais precisamente a ESAD.CR, e a licenciatura de Som e Imagem, no ano de 2017, onde estudei durante três anos, até 2020. Todas as disciplinas me pareciam interessantíssimas, e eu, embora tivesse zero experiência em Cinema, e tudo o que isso envolvia, tinha uma grande paixão pela sétima arte, como espectadora.

O curso engloba várias áreas dos audiovisuais, sendo o primeiro ano um bom leque de exploração e de primeiras impressões. Mais tarde podemos aprofundar as que mais nos apelarem, escolhendo uma ramificação (cinema, fotografia, animação, som), no entanto há lugar para caminhos híbridos, o que é muito enriquecedor quando estás a tentar encontrar a tua voz no meio artístico.

Tinha frequentado o curso de Artes Visuais na escola secundária, e pensei, ‘porque não?’. Estava inclinada para seguir ou Cinema ou Psicologia, mas decidi tentar o primeiro caminho e apaixonei-me ainda mais por esta arte mágica, durante os anos que se seguiram, desta vez como criadora. Sou a Irina Oliveira, natural da Marinha-Grande e tenho 21 anos.

O que mais me marcou no meu tempo de estudante foi a possibilidade de explorar muitas ideias, conceitos, materiais, disciplinas, com o apoio dos professores, que até lá não sabia bem como o fazer. Foi muito gratificante ver que um pequeno ponto se pode expandir e tornar-se uma ideia palpável. Ajudou-me a desbloquear, e foi uma jornada de autoconhecimento onde adquiri variadíssimos conhecimentos teóricos e práticos. Se tivesse que descrever o curso numa palavra, seria versátil.

Acabei a licenciatura há pouco tempo, numa altura de pandemia e confinamentos, portanto ainda me estou a tentar adaptar ao mundo de trabalho, que parece estar meio estagnado, mas atualmente continuo à procura de uma produtora que me acolha enquanto cineasta, ou algum lugar que me permita oferecer as competências que fui adquirindo, e o meu “olho” perante o mundo. Pretendo continuar estudos, e passar uns tempos a viajar e a explorar várias possibilidades. Entretanto posso dizer que o meu filme “Semear, Ouvir, Fluir”, vai ter a sua estreia no Festival Internacional de Cinema Doclisboa.

O projeto foi também ele feito nesta situação pandémica, mas apesar disso, já lhe valeu o primeiro lugar na categoria de curta experimental, nos prémios Sophia Estudante, da Academia Portuguesa de Cinema. 

Foi muito importante para mim estudar na ESAD.CR. Todo o ambiente é mágico, uma escola com imensa luz, no meio de uma mini-floresta, e quando cai o sol, todas aquelas cores refletidas nas janelas, os espaços amplos, as partilhas de ideias e referências, os eventos que invadiam a cidade, o festival “Impulso”, “Connect”, o Caldas Late Night, é uma onda criativa impressionante. Todos esses estímulos somados, oferecem uma atmosfera onde germinam pequenos grandes artistas.

Tenho muita pena de ter acabado o curso através de um ecrã, muitas coisas perderam-se pelo caminho nesta última fase, mas tenho a dizer que o esforço dos professores, a compreensão, foi notável, e surgiram alguns momentos de partilha que desafiam a obscuridade destes tempos estranhos. Ensinaram-me a pensar, a criar, questionar, e a poder ser livre para ter ideias e as tornar num objeto audiovisual.

Desde já, queria agradecer o convite para a participação com o meu testemunho, e sugerir uma maior divulgação da Rede Alumni. Não tinha conhecimento que era um espaço onde se poderiam criar ligações, sem dúvida que tem potencial. Espero conhecer outras histórias, perspetivas diferentes de experiências parecidas, e que comecem a surgir frutos de conexões que se possam estabelecer através da rede!