Cátia Biscaia
O meu nome é Cátia Biscaia e fui estudante na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS). Entre 2001 e 2005 frequentei a Licenciatura em Comunicação Social e Educação Multimédia (CSEM).
Quando penso nas memórias que guardo do meu tempo de estudante no Politécnico de Leiria, penso em como a vida era fácil naqueles dias. Para mim estudar sempre foi uma questão de prática. Como sou uma pessoa altamente organizada tinha tudo cronometrado e organizado ao pormenor. Assim, sempre foi mais fácil envolver-me depois na vida da academia, como na Tum’Acanénica, por exemplo, da qual guardo boas memórias. É claro que me lembro com carinho de alguns professores que me ficaram no coração e me prepararam para a vida, incentivando-me a fazer coisas interessantes e diferentes. Aparte disso, estava numa turma onde éramos quase todos bastante empreendedores. Tínhamos de o ser. Era o primeiro ano de CSEM na ESECS e nós ajudámos a construir o curso. Acima de tudo, eu queria muito aquilo. Queria muito estudar. Queria muito ser jornalista de guerra (o meu sonho da altura), e tudo o resto era um acréscimo: os amigos, os jantares, os risos, as lágrimas, enfim. Tirar um curso tem muito que se lhe diga. Julgo que é mais «viver um curso», dada a experiência que retiramos do mesmo.
Depois há momentos muito marcantes, como, por exemplo, o da chegada das câmaras de filmar; foi uma festa podermos aprender a mexer. Depois a conclusão das salas de montagem e nós lá íamos experimentando, com a ajuda do Ricardo, o único elemento do Centro de Recursos Multimédia da ESECS na altura. Enfim. Tudo nos foi dado aos poucos e orgulho-me de ter pertencido àquela turma que soube tirar o melhor partido das coisas, sem dúvida.
Ainda não tinha acabado o curso e já tinha um convite para trabalhar para um jornal da região: o «Notícias de Leiria» que fechou seis meses depois, ainda em 2005, por problemas diversos. Foi uma experiência muito interessante e enriquecedora. Quase como um curso: «aprende a desenrascar-te numa semana», sendo que cheguei a Diretora Interina em dois meses. Depois, vi-me desempregada, mas como não sou pessoa de baixar os braços, fui trabalhar como auxiliar de educação num infantário na Batalha, à espera de uma oportunidade. Esta chegou quando o Governo lançou o programa de estágios PEPAP em 2006. Nessa altura, percorri o País em entrevistas, sendo que fui escolhida simultaneamente para dois locais: para a Aula Magna em Lisboa e para o Gabinete de Imagem e Comunicação (GIC) do IPLeiria. Na altura as raízes falaram mais alto e acabei por recusar a oferta em Lisboa, ficando em Leiria. Fui depois contratada para este Gabinete no âmbito de um concurso público, cujo processo se tinha iniciado antes de começar aí a trabalhar como estagiária. Em 2007 decidi estudar novamente e fui fazer uma Pós-Graduação em Audiovisual e Multimédia, na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, curso que me realizou bastante tanto a nível académico como pessoal. Depois disto, tive um convite para dar uma disciplina no ISDOM, uma Universidade privada na Marinha Grande, em 2010/2011. Neste momento, posso dizer que tenho parada uma tese de doutoramento na Universidade de Coimbra, por falta de tempo e de dinheiro, basicamente.
Atualmente trabalho no Gabinete de Imagem e Comunicação do IPLeiria e desempenho funções enquanto fotógrafa em regime de freelancer.
Para além da esfera profissional, tenho outros projetos. Há quem me diga que sou «a mulher dos oito ofícios». Faço fotografia artística, tendo já feito algumas exposições e ganho alguns prémios. O meu trabalho pode ser visto em http://cargocollective.com/catiabiscaia ou em https://www.facebook.com/catiabiscaia. É algo que foi despontando em mim aos poucos e que quero explorar e, quem sabe, ser esse o meu futuro. Depois, estive muito tempo ligada à música. Escrevo, tendo uma crónica mensal de pequenos contos numa revista online (Revista Orlando) em http://revistaorlando.blogspot.pt/. Gosto de participar na vida artística da cidade, ajudando na promoção de alguns eventos, como o Leiria Iluminada em 2011, com a Sofia Mota e a Metamorfose, ou o Leiria Film Fest, com o Bruno Carnide (realizador e antigo estudante da ESAD.CR). Mais recentemente, dada a minha veia de intervenção social e artística, e vontade de fazer coisas na cidade onde vivo, fui candidata independente pelo Bloco de Esquerda e eleita para a União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes. De futuro já tenho mais uns tantos projetos em carteira, ou sozinha, ou com o Bruno Carnide, ou ainda com mais gente mas, como o segredo é a alma do negócio é esperar para ver. Gosto muito de dormir, mas parar não é o meu lema de vida.
É difícil perceber o que nos constrói enquanto pessoas. É um conjunto de experiências acumuladas em toda uma vida. Momentos marcantes. Enfim. Mas o que posso dizer é que o IPLeiria formou-me e, além disso, deu-me a oportunidade de conhecer pessoas que me inspiraram no passado e me continuam a inspirar hoje. E são as pessoas e não os edifícios que nos preenchem os pedacinhos do puzzle da nossa existência. Foi na brincadeira com as senhoras do bar, nas manhãs das aulas de História, que aprendi como sabe bem um sorriso de manhã; foi com o passo apressado de alguns professores que me inspirei para fazer muitas coisas ao mesmo tempo, a conseguir fazê-las e ainda a tornar-me uma pessoa realizada. Tantas pessoas que poderia enunciar. Acima de tudo, ensinaram-me a viver, questionar e a olhar para as coisas e para a sociedade de forma diferente. E tudo isso transformou-me na pessoa que sou hoje. «Oh Captain, My Captain»: um grande obrigada a todos por terem feito parte do meu percurso.
Da Rede IPLeiri@lumni espero que se torne numa forma de reencontro e de informação. Adoro saber as novidades de quem estudou no meu tempo. Para já, está a ser feito um ótimo trabalho. De futuro, julgo que se poderia organizar algum tipo de reencontro de vários dias, juntando antigos estudantes.