Testemunhos

Graça Maria Lima

Escola

ESEL atual ESECS

Curso

Licenciatura. Professores do Ensino Básico

Ano de conclusão

1997

Olá a todos!

O meu nome é Graça Maria Lima. Fui estudante da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria, no então Pólo das Caldas da Rainha onde ingressei em 1993 no curso de Professores do Ensino Básico, variante de Educação Visual e Tecnológica (EVT), tendo concluído o mesmo em 1997.

Depois de ter terminado o curso, trabalhei alguns anos como professora na zona da Grande Lisboa. Nos últimos dois anos em Lisboa integrei o então chamado Quadro de Zona Pedagógica e consegui colocação muito perto de casa. Foi nessa altura que fiz, em regime pós-laboral, vários níveis do curso de História da Arte ministrados pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Associei-me à Liga para a Proteção da Natureza e frequentei algumas formações em áreas específicas um pouco fora do âmbito da minha formação inicial, participando em algumas campanhas de sensibilização promovidas por esta entidade.

Em 2001, fui mãe e por razões de natureza familiar pedi uma licença sem vencimento e mudei-me para Inglaterra. A ideia inicial era voltar para Portugal pouco tempo depois, mas não voltei e em 2003 perdi o vínculo que me ligava ao Ministério de Educação.

Após seis meses a viver no Reino Unido iniciei a minha formação ao nível da língua e fiz os níveis disponíveis. Em 2004 quando estava a finalizar o First Certificate, iniciei o processo de validação das minhas qualificações académicas e, desde 2005, que sou detentora do Qualify Teacher Status (QTS), em Inglaterra. Como não conhecia bem o sistema educativo e a realidade social dos jovens ingleses, decidi procurar trabalhar com jovens fora do contexto escolar e trabalhei num centro de juventude. Desenvolvi alguns trabalhos no âmbito da Arte e sensibilização para o valor da voz da juventude. Nessa altura, iniciei via entidade empregadora, Surrey County Council, formação específica nesta área (o Youth Work VRQ level2 certificate in Youth Work) que me certificava para trabalhar com adolescentes. Como era um trabalho depois do horário escolar inscrevi-me como professora substituta e comecei a fazer trabalho de Supply Teacher.

Em 2007, o meu filho iniciava o primeiro ano do primeiro ciclo e como estava adiantado na “reception” (na escola inglesa), achei que era uma boa oportunidade para tentar voltar a Portugal. Eu voltaria à minha “zona de conforto” e ele ficaria verdadeiramente bilingue. Como profissionalmente o meu marido viaja muito achei que estar sedeada em Portugal ou Inglaterra não interferiria na dinâmica familiar.

O primeiro ano após esta mudança, foi um imenso processo de reaprendizagem. Nunca tinha experimentado dar aulas ao 1º ciclo e parte do meu contrato obrigava-me a um certo número de aulas de Enriquecimento Curricular, com turmas do 1º ao 4º ano. Foram meses de muito trabalho mas muito gratificantes e positivos. Adquiri novas ferramentas de trabalho e aceitei novos cargos.

Depois de 2 anos em Portugal, voltámos de novo para Inglaterra, onde me encontro atualmente. O meu filho felizmente conseguiu lugar na escola e turma que deixara dois anos antes e adaptou-se num “piscar de olhos”.

Quando voltei, tentei reavaliar as minhas necessidades e capacidades. Como queria experimentar coisas que há muito me interessavam como a filosofia, decidi inscrever-me num curso pós-laboral na Tate Modern em Londres designado de Contemporary Aesthetics. Fiz os vários modelos disponíveis, o que me ajudou a ver as obras de arte sob outro prisma. Na mesma altura comecei a trabalhar em part time no Departamento de Educação do Museu de Brooklands e em 2011 iniciei o Mestrado em Art, Craft & Design Education na Universidade de Roehampton.

Neste momento, faço trabalhos como freelancer para Eva Law, uma consultora de imagem, tendo a meu cargo o design e organização da documentação, apresentações e suporte visual que ela usa com as suas clientes.

Dou aulas individuais de Arte a jovens entre os 11 e os 17 anos. Como nunca tinha trabalhado senão com grupos de alunos, as aulas individuais são um grande desafio. No entanto permite-me uma grande diversidade e até liberdade uma vez que não estou presa a um curriculum (à exceção dos alunos que preparo para os exames de GSCE).

A diversidade de alunos com que trabalho obriga-me a uma constante investigação e atualização, no sentido de me reajustar às necessidades e expetativas de cada um. O que faço atualmente dá-me um prazer imenso apesar do muito trabalho de bastidores na preparação diária de cada aula. Mas esta é a parte agradável do desafio, pois assim descubro novas e interessantes técnicas. Ainda este mês de Junho vou iniciar um curso de fusão de vidro. Gosto imenso de fotografia e desde miúda que adoro escrever, de modo que há menos de um mês pedi ajuda a algumas pessoas conhecidas e iniciei um projeto que tentará combinar as duas paixões. Ainda estou na fase inicial, que consiste na recolha de grupos de sete fotos tiradas ao longo de 7 dias. Estes olhares individuais captados nos mais variados pontos do planeta e são o ponto de partida para uma série de mini ou micro contos. A ideia inicial é usar as imagens como inputs criativos para a escrita. Ainda não sei muito bem qual será o produto final mas gostaria de eventualmente compilar tudo num livro, versão digital.

O manter o contacto com a instituição mas, sobretudo, com aqueles com que me cruzei no passado e com os quais, sem a ajuda da Rede, seria impossível voltar a contactar. Espero também que a Rede IPLeiri@lumni continue a constante partilha a que nos tem habituado, pois é uma excelente porta aberta a todas as ofertas, projetos e acontecimentos que, de outra forma, nos passariam “ao lado”.

Neste momento não me ocorre nada. Os Encontros e partilhas são já parte da vossa agenda.

O Politécnico de Leiria foi de extrema importância no meu crescimento enquanto docente, mas sobretudo enquanto pessoa, pois tive o prazer de conhecer pessoas que me marcaram para sempre. Felizmente tenho a sorte de algumas terem “sobrevivido” ao tempo e distância e ainda habitarem a minha esfera profissional e emocional. Uma das melhores amigas ganhei-a nos tempos de estudante no IPL. Foi também importante, porque me deu as ferramentas teóricas, práticas e académicas para fazer aquilo que mais gosto de fazer que é lecionar. Mas considero que a especificidade de ter tido ter aulas nos antigos Pavilhões do Parque das Caldas da Rainha emprestaram ao meu tempo de estudante uma magia inigualável. Mais que um grupo de docentes e discentes, éramos quase uma família e as partilhas, reivindicações, lutas e trocas foram algo impossível de replicar. Foram tempos especiais, de facto, nos quais era com um orgulho supremo que apanhava o comboio das 5 da manhã para rumar de Lisboa para o Oeste, arregaçando as mangas para um dia ser uma “verdadeira” professora.