Testemunhos

Sofia Silva

Escola

ESTM

Curso

Licenciatura. Biologia Marinha e Biotecnologia

Ano de conclusão

2013

Chamo-me Sofia Silva, sou Mestre em Biologia Marinha e Conservação e frequentei o curso de licenciatura em Biologia Marinha e Biotecnologia da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) do Instituto Politécnico de Leiria, entre 2010 e 2013.

Estudar na ESTM-Politécnico de Leiria culminou em 3 dos melhores anos da minha vida. Lembro-me perfeitamente que, no início, desconhecia a existência de uma Escola Superior em Peniche (ou até mesmo o curso em questão), mas soube de imediato que era para lá que queria ir, assim como soube que entraria logo na 1ª fase quando decidi candidatar-me.

Já aluna, e apesar dos primeiros tempos emocionalmente mais difíceis devido ao afastamento de casa e dos amigos, rapidamente me adaptei. O ambiente envolvente e a cidade foram determinantes nesse sentido. Pouco tempo depois, por reconhecer como profissional, pessoal e socialmente vantajoso, abracei a oportunidade de fazer parte de algumas associações/grupos, nomeadamente do Núcleo de Estudantes de Biologia Marinha e Biotecnologia, da Tuna Académica da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar e da Associação Nacional de Estudantes de Biologia. Todos eles fontes de excelentes momentos. Para além dos mencionados, mais tarde tive também a oportunidade de pertencer ao Conselho Pedagógico da ESTM, como representante dos estudantes de Biologia Marinha e Biotecnologia. Era uma agenda relativamente cheia, posso dizê-lo, já que para além disto procurei manter também a minha vida desportiva (em Lisboa), dentro da “normalidade” possível. Para além das atividades relacionadas com o meio académico procurei juntar o útil ao agradável e tornei-me mergulhadora, o que me possibilitou mais tarde não só colaborar em diversos projetos científicos, mas também vir a trabalhar no ramo.

Foi também durante a licenciatura que participei na minha primeira expedição científica M@rbis (EMEPC), no Arquipélago das Berlengas, onde pude adquirir conhecimentos essenciais a diversos níveis.

No entanto, e apesar de todas as incontáveis memórias indescritíveis, algo que guardo com carinho e me marcou muito durante a minha licenciatura foi a proximidade, disponibilidade, entrega e profissionalismo do corpo docente face à formação dos seus alunos. A capacidade empreendedora e motivacional que encontrei na ESTM continua a ser única até aos dias de hoje. Algo também único e essencial, para mim, foi a forte componente prática e o equilíbrio existente entre esta e a componente teórica, coisas que só mais tarde, normalmente, conseguimos avaliar melhor.

Assim, os 3 anos a frequentar o curso que sempre quis, aliado às privilegiadas condições, instalações e localização, bem como às enriquecedoras atividades em que me envolvi, contribuíram em muito para adquirir conhecimento, autonomia e valores essenciais ao meu desenvolvimento profissional e pessoal.

Realizar o curso de Biologia Marinha e Biotecnologia era a componente essencial para a concretização de um sonho de sempre – estudar cetáceos/mamíferos marinhos. Neste ponto, a impossibilidade (na altura) de o ter alcançado na ESTM-IPLeiria, resultou simultaneamente numa oportunidade para abrir novos horizontes, obter mais conhecimento e encontrar a motivação certa para continuar a perseguir o que sempre quis.

Assim, acabei por ingressar no curso de mestrado de Biologia Marinha e Conservação do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA-IU), entre 2013-2015, em Lisboa. Apesar da experiência enriquecedora aqui obtida a diversos níveis, ao final de um ano regressei à ESTM, por razões profissionais (para enriquecer a minha tese de mestrado e realizar o meu estágio curricular na empresa Flying Sharks). As saudades também já eram muitas, tenho de admitir! Nessa altura, tive o privilégio de entrar para o Grupo de Investigação em Recursos Marinhos (GIRM) – atual MARE IPLeiria, e menos de um ano depois, ver a minha ligação ao IPLeiria voltar a ser “oficializada” com a obtenção da minha primeira bolsa de investigação. Dois anos depois, ainda cá estou e poder continuar é só das coisas que mais desejo.

Até aqui, tive oportunidade de participar em vários projetos de algumas instituições nacionais e internacionais, associados a diversas temáticas, como sejam as alterações climáticas, ecologia populacional, acústica, toxicologia, diversidade e evolução genética, bioinformática, etologia, fisiologia, entre outras.

Para além da vertente de investigação, pude também trabalhar em dois centros de mergulho, um em Portugal e outro nas Maldivas, cumprindo funções de divemaster e bióloga marinha.

Ainda assim, e excetuando algumas particularidades, o sonho de estudar cetáceos continuou em standby.

Atualmente sou bolseira de investigação do MARE IPLeiria no CETEMARES, sendo que grande parte do meu trabalho está associado à área da toxicologia e alterações climáticas. Paralelamente, este ano sou, também, candidata, pela 1ª vez, a uma bolsa de doutoramento da FCT, num projeto que combina toxicologia, genética e cetáceos, resultante da colaboração da Universidade de Lincoln e Universidade de Durham com o MARE IPLeiria.

Pontualmente presto apenas auxílio em algumas atividades de uma das empresas com as quais já trabalhei – JustDive Underwater Experiences, continuando por isso a fazer parte da sua equipa, ainda que não oficialmente: http://justdive.pt/

A ESTM-IPLeiria não foi só o local onde iniciei o meu percurso académico. Foi também a Escola onde adquiri variadas e essenciais competências científicas, associando pensamento crítico, ambição e abertura de horizontes, sem que isso implique desistir de quem sou ou do que sempre quis fazer. Ensinou-me apenas que há mais para além daquilo que nos concentramos tanto em “ser”/”fazer” e que, dando a devida oportunidade, podemos tornar-nos melhores e com valências mais vastas do que alguma vez imaginámos.

A interação, troca de informação e estabelecimento de novos contactos foram algumas das melhores particularidades resultantes de todas as experiências que pude viver até hoje. Nesse sentido, e ao procurar conhecer, acompanhar e divulgar o caminho dos antigos estudantes do Politécnico de Leiria, considero que o trabalho da Rede IPLeiri@lumni é fundamental para o conhecimento mútuo, tanto entre os mais antigos como os mais recentes e/ou até futuros membros. Acredito que muitos testemunhos servirão como fonte motivacional para futuros alunos. Desta forma, só posso desejar que esta Rede continue o seu bom trabalho, mantendo-nos conectados e sempre mais perto uns dos outros.