Elsa Gonçalves
O meu nome é Elsa Gonçalves, sou de Leiria, mais concretamente dos Pousos, e tenho 31 anos. Entrei na ESEL (atual ESECS) em 2003/2004, na minha primeira opção: licenciatura em Professores do Ensino Básico, com a duração de 4 anos, a qual concluí em 2006/2007. Anos mais tarde voltei à ESECS para fazer o Mestrado em Ciências de Educação: Gestão, Avaliação e Supervisão Escolar, o qual terminei no início de 2014.Durante o mestrado fiz uma pausa de cerca de 2 anos. O trabalho final do Mestrado, cujo tema estava relacionado com o Sistema Educativo Finlandês, tornou-se megalómano e, apesar da dedicação, que incluiu uma visita a uma escola na Finlândia, ficou por terminar, antes de partir numa viagem de 3 meses para a Austrália, depois Roménia e finalmente Guiné. Quando voltei, eu não estava igual (é o efeito das viagens em nós) e, naturalmente, o tema do trabalho final alterou-se.
Serve este pequeno relato para dizer que o Politécnico de Leiria e os seus professores foram mais que uma instituição de ensino. Foram acompanhando a minha história de vida, a minha aprendizagem pelo (e com) o mundo. Na fase final como estudante, devo uma homenagem à Professora Doutora Maria Antónia Barreto.
Do meu tempo de estudante na ESEL, recordo-me dos jantares, das saídas, da emoção associada às festas, das bênçãos do caloiro e das de finalistas, da organização dos coros e de toda a dinâmica associada aos estudantes que se envolviam no MCE (Movimento Católico de Estudantes) e no CAES (Centro de Apoio ao Ensino Superior) e, ainda, dos momentos insólitos que acontecem nas semanas académicas.
Recordo-me das noites de estudo, das horas infinitas de trabalhos de grupo nas mesas que ficavam nos corredores da ESEL, das aulas e da provocação de alguns professores. Lembro-me perfeitamente da experiência que foi pertencer ao Grupo de Teatro Pirata Automático na ESEL. O tempo de estudante no IPLeiria foi um tempo cheio de vida, com oportunidade para conhecer pessoas de várias partes do país.
Apesar de continuar a viver em casa dos meus pais durante esse período, a ligação à comunidade académica era profunda, e foi mesmo um período importante da minha vida, em que o número de aprendizagens por segundo foi muito elevado.
Durante a licenciatura, fui estudante ERASMUS em Salamanca, o que representou para mim uma experiência muito marcante e intensa, através da qual tive o primeiro contacto com a Filosofia para crianças. Mais tarde aprofundei os conhecimentos nesta área e hoje é parte do projeto que desenvolvo. Depois de terminar o curso continuei a trabalhar na Ciência Divertida e comecei logo a desenvolver também outras atividades. Trabalhei num ATL (Atividades de Tempos Livres) e como professora de AEC (Atividades de Enriquecimento Curricular). Para além do trabalho na área da educação, colaborava na empresa de venda de gás dos meus pais.
Durante cerca de dois anos trabalhei como formadora externa para o Politécnico de Leiria, no âmbito do programa de formação contínua de professores em Matemática. Foram dois anos desafiantes que me permitiram conhecer muitas salas de aula de 1º e 2º ciclos no distrito de Leiria e conhecer professores incríveis. Com o desejo de conhecer mais, depois da Licenciatura continuei a minha formação numa pós-graduação em Psicologia Criminal, uma formação em Cidadania, e uma especialização em Mediação de Conflitos. Com esta especialização comecei a colaborar com a InterMediar – Associação de Mediadores de Conflitos do Oeste, colaboração que mantenho até hoje.
Trabalhei como professora de apoio em Alhandra e fui professora de EMRC (Educação Moral Religiosa Católica) nas Colmeias. Estive três meses na Austrália num misto entre ficar em casa de amigos de amigos e trabalhar em troca de alimentação e dormida. Passei pela Roménia em SVE (Serviço Voluntário Europeu) e trabalhei com a escola de uma comunidade cigana. Da Roménia saí para ir para a Guiné- Bissau como Técnica Formadora de Educação, onde trabalhei com a ONGD FEC (Fundação Fé e Cooperação) durante 7 meses.
Quando voltei para Portugal, terminei o Mestrado na ESECS e com a ajuda de um programa de crowdfunding editei o livro “Pedaços no Céu” que foi composto nos tempos livres da Guiné, com as nuvens da Austrália, e que é hoje um instrumento de trabalho no projeto de oficinas de pensamento que desenvolvo. O livro pretende também ser um objeto romântico que chame a atenção das pessoas para olharem para o céu e ligarem-se através da imaginação que cada um traz em si. Para adicionar mais uma ferramenta ao meu trabalho na educação, quando terminei o Mestrado, fiz a certificação internacional em Coaching Pessoal e Profissional e aprofundei os conhecimentos em Filosofia Prática, fazendo formação com Óscar Brenifier.
Atualmente, desenvolvo a marca Criastudo®. Este é um projeto que se direciona para o apoio escolar personalizado e para o desenvolvimento integral da pessoa e ou das relações familiares/sociais. Assim, dou explicações, faço consultas filosóficas, coaching, dinamizo oficinas do pensamento, dou formação na área da gestão de conflitos e organizo ou ajudo a organizar workshops que se enquadrem no âmbito da marca Criastudo®. As oficinas do pensamento chamam-se “ [CRIAS] andar nas nuvens sem a terra a fugir dos pés”, direcionadas para crianças a partir dos 5 anos, baseiam-se nas metodologias de Filosofia com crianças e no método Revisão de Vida (neste caso, Ver, Perguntar e Agir). Quem tiver curiosidade pode encontrar mais informação no site: http://criastudo.wix.com/criastudo ou no facebook: https://www.facebook.com/Criastudo-….Nesta área e quando fazemos o que gostamos é um pouco difícil dissociar a esfera pessoal da profissional. De modo que, os outros projetos a que me dedico ou que apoio tocam sempre o mundo profissional e pessoal. Apoio e acompanho com muito carinho (apesar de sentir que pouco tenho contribuído) o trabalho de divulgação que a Associação Direito de Aprender (http://www.direitodeaprender.com.pt/…) faz pela promoção da Aprendizagem ao Longo da Vida.
A licenciatura que fiz na ESEL deixou-me, nos anos seguintes, num estado de graça enorme e a achar que tinha feito a melhor licenciatura do mundo e que qualquer ser humano deveria passar por aquela formação. Basta referir este sentimento para dizer que a passagem pelo IPLeiria foi determinante para a minha formação e para o fomento dos meus sonhos. A maioria dos professores teve sempre uma atitude muito próxima comigo. Via-os como referências e como parceiros, especialmente no último ano em que o trabalho era muito.
Sentia que os professores depositavam expectativas altas em nós e acompanhavam-nos mesmo nas escolhas mais ambiciosas que íamos fazendo. Com o Mestrado, que já me apanhou numa fase diferente da vida, a professora que orientou o meu trabalho final foi incansável em termos profissionais e genuinamente interessada no sucesso do trabalho. Sentir isso foi muito bom. Quem é estudante sabe bem o que isso significa no nosso percurso. O trabalho que fazemos depende muito de nós, mas o seu brilho depende muito das pessoas com quem nos cruzamos e que nos fazem mostrar o melhor que temos. Muitos dos professores do IPLeiria foram estas pessoas.
Espero que a Rede IPLeiri@lumni seja uma rede de contacto entre vários profissionais e projetos (mais ou menos) motivadores e que nos permita ir estando a par das novidades académicas e profissionais que nos estão próximas ou de projetos inovadores mesmo que distantes. Se continuarem com a energia com que me fizeram o telefonema, nada mais é preciso. O resto vem, em bem.